As atividades da Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE) se iniciaram em 1986, no âmbito do Projeto Tecnologias Alternativas (PTA) da ONG Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE). O projeto procurava dar resposta aos desafios encontrados por camponeses e camponesas no processo de modernização da agricultura brasileira. Foi neste contexto que a REDE apoiou as organizações de agricultores na criação de centros que buscavam identificar e desenvolver propostas de tecnologias alternativas e métodos de trabalho com a participação das comunidades, construindo, assim, referências regionais que compreendessem a agricultura familiar em diferentes agroecossistemas.
Em 1989, a REDE constitui-se como organização não governamental com personalidade jurídica própria. O avanço na formulação de conceitos e no desenvolvimento de métodos participativos e propostas técnicas agroecológicas, articulados com os centros e com as comunidades de base, fez com que se aprimorasse a estratégia da entidade. No início dos anos 90, em parceria com outras organizações sociais e o CNPMS/Embrapa, a REDE participa do projeto “Ensaio Nacional de Milho Crioulo”, onde articula a Rede de Intercâmbio de Sementes de Minas Gerais (RIS) e participa da coordenação da Rede Nacional de Sementes (PTA). Tais articulações, além de proporcionar a troca de experiências e a capacitação técnica dos participantes, incidiam na formulação e no acompanhamento de políticas públicas relacionadas à agrobiodiversidade e ao associativismo.
Em meados dos anos 90, a REDE iniciou ações de desenvolvimento local sustentável junto às comunidades de agricultores e agricultoras de Caratinga (MG), na Região Leste de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, começou o trabalho com agricultura urbana e periurbana, por meio de uma parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte para implementação dos Centros de Vivência Agroecológica (CEVAEs).
A partir dos anos 2004 e 2005, o trabalho junto às famílias agricultoras, grupos e organizações se espalha nos municípios do Leste de Minas, onde, aos poucos, forma-se uma articulação regional a favor do fortalecimento da agricultura familiar e da promoção da agroecologia. Nesse mesmo período, a REDE participou ativamente da mobilização e criação da Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana (AMAU), o que tem favorecido a ampliação de suas ações para um conjunto maior de agricultores/as e municípios da RMBH.
A seguir, apresentamos uma breve linha do tempo com momentos significativos da trajetória da REDE. No marco dos seus 30 anos, podemos afirmar que se a REDE tem hoje uma história para contar, isso se dá graças à participação e ao envolvimento de agricultores, agricultoras e diversas instituições parceiras na definição de suas estratégias e no desenvolvimento de suas ações.
No entanto, deve-se ressaltar que as atividades e resultados apresentados representam apenas parte das realizações. Nestes 30 anos, foram muitas conquistas e lições aprendidas, decorrentes do engajamento em lutas populares e da consolidação de diferentes iniciativas. Várias delas não estão aqui descritas, mas se expressam nas diversas melhorias ambientais e socioeconômicas de comunidades do campo e da cidade.